Rowan De Raven

Sunday, November 17, 2002
 
Não tem mesmo dado jeito d’eu escrever todos os dias... também, além das reclamações de sempre, o que de novo eu teria pra contar? Não muito... mas vamos lá...
Queria falar sobre a formatura do meu primo “Ato” (que agora é Dr. Luiz Renato, M.D.). A colação de grau foi quinta-feira, e acabou sendo super emocionante. Já foi estranho encarar meu priminho caçula como um médico formado, e a homenagem aos pais que ele fez – chorando! – fez todo mundo chorar, foi até lindo sabia?! Mas o que me bateu foi uma constatação assustadora: EU TAMBÉM QUERIA SER MÉDICA! Fugi disso a minha vida inteira, achando que não queria seguir os mesmos rumos que toda a minha família, que não tinha vocação, que não podia nem ver sangue. Que grande merda eu fiz!!! Ao achar que era o que a minha família queria e não eu, acabei indo na direção oposta. Minha rebeldia, minha necessidade de contrariá-los foi tão grande que eu não enxerguei o quanto eu tinha a ver com o mundo deles. O quanto eu queria pertencer àquele mundo. Que é por isso que eu não dou o menor valor à minha profissão (ou à qualquer outra), que não considero minhas conquistas como vitórias (e não são mesmo), que acho a medicina a profissão mais bonita e importante do mundo. Que grande merda descobrir isso agora, aos 31 anos, sem tempo pra estudar para um vestibular ou sem dinheiro pra bancar um curso caro como esse. O pior é que eu tenho certeza que teria sido, sim, uma grande médica. Uma ótima médica. Uma profissional realizada. Que merda...
Bom, depois da colação veio o baile. Não ia, não estava no clima, mas o Ato me convenceu. E ainda bem que eu fui... foi tão bom... desencanei de tentar parecer bonita – o que eu não sou mesmo, mas que se dane! – e desencanei de ser “uma dama”. Pela primeira vez numa festa fiz o que todo mundo faz, tirei aqueles saltos altíssimos horríveis para ir dançar. E dancei pra caramba! E bebi, e brinquei, e me diverti. E ainda aconteceu uma coisa doida que levantou meu astral aos céus: um carinha super bonitinho surgiu do nada, beijou a minha mão e sumiu no meio da multidão. Não foi nada demais mas, nossa, como eu me senti bem com esse “galanteio”! :-)
E acabou o feriado, e o fim de semana, eu amanhã eu volto pr’aquele escritório idiota, pras minhas tarefas vazias e sem finalidade. Afinal, não estarei salvando nenhuma vida, né. Eu vendo vento. Joguei a minha vida fora, e joguei de bandeja, achando que estava “fazendo bonito”. Agora, só nascendo de novo. Eu mereço ser infeliz, e nisso que burrice dá!