Rowan De Raven

Friday, January 21, 2005
 
Há exatos dois meses não escrevo aqui... também porque "nada mudou"... Vou só registrar alguns pensamentos que andei anotando nos últimos tempos. E só porque algumas pessoas comentaram que eu não atualizava mais o blog... achei que ninguém lia...

*** Numa manhã qualquer dessa semana, logo ao acordar, tive um "insight" – é exatamente assim, como estava acordando naquele momento, que vou passar o resto da minha vida: sozinha, sem grana, gorda e cada vez mais velha. Não foi um pensamento resultante de crise de depressão, não. Foi bem real, frio, lúcido. Ao mesmo tempo que assusta, conforta pensar que não tenho mais que me preocupar com o futuro, ele já chegou.

*** E numa tarde qualquer, me dei conta que não amo mais o Murilo. Isso é bom, não é? Por estar em contato de novo com o Florian (antes taxado de "principe-encantado-francês-namoradinho-da-adolescência"), percebi que tudo acaba, muda, sai do contexto. O Murilo nunca esteve no meu contexto ou eu no dele. Pode até ser que de alguma forma eu o ame pra sempre, mas não quero mais sonhar com o dia em que ele poderia voltar pra minha vida. Ele nunca esteve realmente na minha vida e nunca vai estar. Il est passé aussi.

*** No fim-de-semana passado, dias 14, 15 e 16, fiquei sozinha em casa. Dessa vez, meus pais levaram até as cachorras pra praia, e como os gatos são quietinhos, a casa ficou um silêncio só. Muito bom. Mas aconteceu uma coisa estranha, estranhíssima, por um momento, alguns segundos eu acho, eu me senti completamente sozinha no mundo. EU ESTIVE SOZINHA NO MUNDO POR UM LAPSO DE TEMPO. O que será isso? A sensação se quebrou quando vi meu peixinho nadando tranqüilo no aquário.

*** Tenho escrito muito, contos, partes soltas do que poderiam ser livros e/ou roteiros, pensamentos desconexos. Claro que ninguém vai ler nada disso, não quero, escrevo pra mim. Escrevo pra não enlouquecer, mas acho que esses textos estão me enlouquecendo porque não consigo parar de escrevê-los. Estou tão apegada aos meus personagens – personagens solitários e perturbados – que é como se eles realmente existissem em algum lugar. É como se eu tivesse certeza que eles existem e me enviam informações sobre si mesmos telepaticamente. Se não escrevo sinto falta deles, e fico angustiada porque precisam de mim para continuar existindo, precisam que eu lhes dê vida, lhes dê razão para também não enlouquecer. Agora eu entendo quando escritores dizem que "o livro se escreveu sozinho".

*** Sobre o cisto-nódulo-thing... ainda não sei o que é; o médico mandou eu fazer a biópsia mas custa os olhos da cara nos laboratórios, então estou esperando que o ultra-som do hospital seja consertado (que pobreza!). Preciso ligar lá semana que vem... mas, anyway, Dr. Max (o bam-bam-bam) disse que, pela experiência dele, não deve ser nada demais...

*** No dia 4 de dezembro foi o casamento do meu primo Marcelo. Depois da festa, fui com a Dé (prima) no Café Piu-Piu, onde encontraríamos o namorado dela e minha irmã com a galera. Etc., etc., etc. para os acontecimentos familiares. O que quero comentar foi uma sensação esquisita que me tomou. Muitos carinhas, muitos mesmo, ficaram olhando pra mim. Mas nenhum veio falar comigo (ok, nos últimos anos isso nem tem sido tão incomum assim). Claro que fiquei achando que, além de gorda, agora estou velha e ridícula... Mas – sem querer justificar, justificando – parecia outra coisa, parecia que eles tinham medo de mim. Será que eu passo algum tipo de impressão ameaçadora? Ou só virei um velha gorda ridícula mesmo???